terça-feira, 8 de agosto de 2017

Por que os pais questionam tanto seu papel?

                                                                         Foto de Pascal Campion

Não é novidade que criar filhos atualmente é diferente de 50 anos atrás. Os filhos que antes eram vistos como bens econômicos, que trabalhavam e ajudavam a renda familiar, passaram a ter como trabalho, a escola. Seus direitos e deveres foram reconhecidos e assim a infância, passou a ser uma fase importante ao desenvolvimento humano.

A transformação na maneira de educar, cuidar e olhar para as crianças também mudou a forma como os pais e/ou responsáveis se relacionam com elas. Levando os adultos a questionarem seu papel e suas habilidades como pais. Os questionamentos que são normais dos pais, estão relacionados as mudanças sócio-culturais em que vivemos. Somos constantemente bombardeados com informações, em todas as mídias, que julgam saber a melhor maneira de educar um filho. Prova disso são os inúmeros guias e livros para pais que como objetivo criar filhos mais “felizes”, “autoconfiantes”,”bilíngue”, “sem medos”, e por ai vai.

Como já mencionei em alguns posts, ser pai é uma profissão invisível. Não há regras e manual. Para alguns pode ser um momento de crise e de constantes desafios e para outros não. Precisamos reconhecer que não apenas os papel dos pais mudou atualmente, mas também papel das crianças. Os pais que antes tinham funções definidas, agora passam a dividir tarefas com o cônjuge ou até mesmo fazem tudo sozinho. Já os filhos que antes tinham a escola como prioridade, agora passam horas em atividades extra-curriculares para melhorar suas habilidades. Vivemos em um mundo de transformações diárias e que afetam diretamente a relação paterna.

Mas a impressão que fica é que muita responsabilidade é colocada em cima dos pais e da criação do 'filho ideal' e essa exigência fica maior a medida que o filho cresce. Mas na verdade os pais só querem que os filhos sejam felizes. E infelizmente até isso os Outros cobram dos pais, como isso é possível?!

Felicidade e auto-confiança não são objetivos simples, como ensinar um filho a andar de bicicleta, por exemplo. Não existe formação para isso. A felicidade e auto-confiança podem ser sub-produtos de outras coisas, mas não podem ser objetivos em si mesmos. A felicidade de uma criança é um peso muito injusto para os pais e ainda mais para se colocar no filho.

Reconheça que errar faz parte, que idealizar um papel de pai perfeito é impossível e que não há guia ou livro que promete te fazer um pai ideal. Não há regras criar pais ideais ou filhos ideais. Quando assumimos que isso existe colocamos um peso maior na relação, levando nosso foco para a direção errada e perdendo toda a 'magia' que há em agir no improviso. Porque ser pai é isso, aprender constantemente sobre si através dos filhos.


Até a próxima,
Laura

Texto baseado na fala de Jane Senior, “ For parents, happines is a very high bar”:
 https://www.ted.com/talks/jennifer_senior_for_parents_happiness_is_a_very_high_bar#t-1073344

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