segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Crescer Bilíngue é importante sim!



Como já escrevi neste post, quando a criança se torna bilíngue, este processo passa ser não apenas dela, mas de toda família com a qual ela convive. De modo que os desafios e aprendizados serão sentidos por todos.

Pode parecer óbvio e clichê falar ou ainda ler sobre os efeitos e benefícios do bilinguismo, mas se você passa a estudá-lo e entender suas diferentes definições e aplicações, você se dá conta de que este é um dos temas de estudo cada vez mais relevantes nos dias de hoje! 

O bilinguismo permite manter e proteger as línguas minoritárias faladas em casa e em família, acabando por constituir uma ponte entre esta e a cultura da língua dominante. Se o bilinguismo não for cultivado nem protegido, os idiomas falados em casa estão em risco de ficarem, gradualmente, subjugados à língua maioritária até acabarem por desaparecer. Saber línguas minoritárias, sejam elas quais forem, contribuirá para desenvolver o sentimento de segurança e o orgulho da identidade minoritária, reforçando o entendimento das raízes e da herança cultural a ela inerente.

A fim de promover o bilinguismo dos filhos, a cooperação dos pais a nível familiar é indispensável. Para isso dar certo, é preciso que os pais estejam esclarecidos e percebam que, do ponto de vista linguístico, a utilização de mais de uma língua não confunde os seus filhos e que a mistura das duas línguas constitui uma etapa normal no processo de aquisição da linguagem pelas crianças bilíngues (Batoréo 2007).

Os pais devem encorajar a utilização da língua minoritária em casa, aproveitando todas as oportunidades para falar com os filhos. Eles devem ficar atentos para que a criança, ao adquirir o segundo idioma, não perca o primeiro. Para isso, as línguas não devem ser hierarquizadas, mas valorizadas. De maneira que exista um sentido para a criança e para a família. 

A criança não tem necessidade de substituir a língua minoritária pela maioritária, mas apenas acrescentar uma à outra. Aprender uma língua nova significa aprender novas palavras para objetos e conceitos já conhecidos, aprender a utilizar estruturas novas, acrescentando-as às já existentes, para referir realidades conhecidas, bem como conhecer e aprender a referir realidades e experiências novas. 

Até a próxima,
Laura

FONTE: Batoréo, H. (2008). A(s) minha(s) língua(s): Bilinguismo e o direito à diversidade linguística (pp. 141-148). In P. F. Pinto (org.) (2008) Direito, Língua e Cidadania Global. Lisboa : Associação de Professores de português.

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